Jurena estende-lhe a mão com olhar convidativo, calado e chapéu lhe cobrindo a nudez com a sombra, o estranho vai ao seu encontro, e sem triscar um dedinho na água ribeirinha, levanta os olhos famintos onde saboreia os seios jambo a serem beijados. Receosa e convicta o olha lambendo o dorso e seu pau.
Mãos amarram, coração dispara, um tem o outro, os desejos atiçam o fogo nos corpos que se pegam e rolam na areia grossa da margem do Vaza Barris. Mordidas, pernas e braços em luta, beijos e xeros frenéticos loucamente desordenados ao som de respirações ofegantes que chamam a atenção dos domínios da Iara, e faz os peixes, piabas, camarões, águas, pedras do barranco assistirem ao gozo da carne e sentir o cheiro das secreções misturadas às salivas.
Fitando-se infinitos segundos, de cima da pedra do Boto, escura, lisa, larga como uma cama e escorregadia como os quiabos, Jurena o puxa, lhe derruba e trepa nele. Ela sorri e ri cavalgando o corpo desse estranho, o suor banha os dois com seus corpos húmidos e suculentos como as deliciosas pequenas jabuticabas que nos dão prazer inominável, recordado na memória após décadas.
O chapéu pela mão assegurado sobre sua cabeça e os olhos castanhos refletindo o céu fumegante do crepúsculo encarnado da caatinga, embriagado pelo cheiro dos longos negros cabelos que Jurena deixa cair sobre o rosto tarado do seu desejado trepando, fodendo, uivando, se comendo como se fosse a milésima última vez de suas tentativas de serem algo, alguém, mortais animais.
Como se fosse o ar
como se fosse só querer
se fosse ser todo
tudo
só isso
só viver.
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